terça-feira, 17 de setembro de 2013

Ghost B.C


O heavy metal vive uma fase pulsante gerando grupos que estão começando a fazer história em pleno século XXI, muitos anos depois do que é considerado a pedra fundamental do estilo (refiro-me ao disco homônimo Black Sabbath de 1970). Faz algum tempo que foi publicado um artigo no blog, Collectors Room, a respeito dos novos bastiões do heavy metal e apesar de não fazer parte da lista, Ghost B.C,  foi apontado como uma das principais apostas.

Logo depois o grupo lançou o seu segundo disco, o Infestissumam, que agora consolida a banda como um dos nomes mais fortes do estilo, somado a isso o grupo vai tocar no principal palco do maior festival do Brasil, o Rock In Rio.

Biografia

É inútil falar qualquer coisa dessa banda antes que seu primeiro disco aparecesse. Então vamos a ele:


Ghost - Opus Enonymous (2010)

Pouco se sabe da banda antes desse disco, mas ao que parece eles haviam lançado uma demo e sabiam que se tratava de uma banda sueca. O disco foi lançado em 2010, mas por atraso só chegou ao mercado americano no ano seguinte causando um grande impacto na cena underground do gênero.

O disco surpreendia devido a sua sonoridade orgânica e retrô, remetendo ao heavy metal dos anos 70 com nítidas influências de bandas clássicas como: o Pentagram, o Black Sabbath e principalmente o Blue Oyster Cult.  O disco era acessível, não porque as músicas eram superficiais e sim pela habilidade na criação de melodias o que fazia as canções agradarem o ouvinte de primeira.

O disco era carregado de atmosferas soturnas que jogavam o ouvinte em uma missa negra, algo que era reforçado pelo timbres do sintetizador. Os riffs eram influenciados pelo que de melhor havia no heavy metal dos anos 70 e o vocal de Papa Emeritus lembrava muito, King Diamond, com seus falsetes.

As letras versavam sobre assuntos ligados ao ocultismo como: satanismo, anticristianismo e vampirismo por exemplo, porém lendo as letras com atenção você percebe que nem a própria bandas as levam a sério. O visual do grupo é um dos mais marcantes na história do estilo, com suas túnicas e maquiagens carregadas o grupo lembrava cardeais de uma papado satânico.

Os destaques do disco são: "Elizabeth" que falava a respeito de Elizabeth Bathory, figura histórica conhecida por matar várias pessoas para poder banhar-se no sangue delas, "Death Knell" com um trabalho vocal muito interessante, "Ritual" e "Stand By Him" com seus refrões viciantes e para encerrar o trabalho instrumental primoroso de "Genesis".

Dizem que as melhores coisas acontecem quando ninguém está esperando por elas, ninguém esperava por um grupo como eles, mas eles apareceram e o segundo disco mostraria que eles não estavam dispostos a sair tão facilmente de cena.


Ghost B.C - Infestissumam (2013)

O teste do segundo disco é muito complicado para bandas que impressionaram em sua estreia, o Ghost se encaixa muito bem nessa descrição. Forçado a mudar seu nome para Ghost B.C, pois já existia uma banda com esse nome, o grupo sueco impressionou mais uma vez.

Em time que está ganhando não se mexe, certo? Mas nada impede de darmos uma melhorada e buscar novas influências. Para irritação dos puristas o grupo expandiu suas fronteiras até locais onde nunca se imaginava que um grupo de heavy metal poderia rumar. Partindo dessa premissa não devemos nos assustar com uma faixa como "Secular Haze" que mais parece uma valsa macabra marcada pelos vocais certeiros de Papa Emeritus.

O aspecto melódico que já era um dos principais destaques do primeiro disco foi ampliado e temos aqui mais uma vez aquela acessibilidade positiva. Podemos sentir a força das melodias do grupo, logo no primeiro minuto do disco através de uma das intros mais matadoras que eu já ouvi.

Uma coisa que eu havia esquecido de comentar na resenha acima era a participação do coro que também contribuía bastante na construção da atmosfera e a banda mostra que tem nesse recurso um dos seus principais trunfos como podemos perceber em "Year Zero" que transporta o ouvinte para um ritual do "novo mundo" (já que a música faz referência a um mundo onde o cristianismo foi completamente destruído),
e também é desde já uma das melhores composições do grupo.

Há um contraste muito interessante entre as letras satânicas e as melodias agradáveis do disco, parece que esse é toque de mestre da banda, como já havia percebido o crítico musical, Ricardo Seelig, que acrescenta:
"com a banda construindo embalagens atraentes para um discurso repugnante para a maioria".

Músicas que apresentam esse aspecto citado acima é a grudenta (no melhor sentido dessa adjetivação) "Body And Blood" e os temperos bem equilibrados de glam rock e aor de "Idolatrine" e "Jigolo Har Meggido" porém desprovidas daquele clima alegre que marcavam esses estilos.

A faixa mais curiosa desse registro é "Ghuleh/Zombie Queen" que começa como uma balada atmosférica e vai passando para o surf rock até fechar de maneira grandiloquente. Falando em fechar com chave de ouro é exatamente o que acontece em "Monstrance Clock" que mais uma vez mostra a força dos corais e conta com excelentes riffs de teclado e guitarra

Um novo gigante se avizinha agora aos grupos já consagrados do heavy metal mundial, se espera que depois do Rock In Rio o grupo alcance de vez esse patamar e o mantenha por um bom tempo.

Integrantes: Rubens Cantanhede Mota Neto e Alexandre Geraldo
3º ano A de Taguatinga.